O ROCK NA EVANGELIZAÇÃO

Não há dúvidas de que toda criação e dons vêm do Senhor. Mas o pecado corrompe e o que era para ser bênção pode se transformar em maldição. Esta afirmativa inclui a música e sua variedade de ritmos. Na atual época contemporânea, o Rock é o segmento musical que mais atrai o grande público, praticamente, em todo o mundo.

Desde o advento da música clássica, a História não registrou um movimento que tenha abalado a cultura pop, como o Rock nos anos de 1960. A década deu um rótulo ao ritmo, que ficou ganhou uma imagem como “Inimigo do Povo de Deus”. Uma espécie de caminho para o abismo espiritual e destruição do corpo, com as drogas, sexo, piercing e tatuagens.

Hoje, o entendimento acerca do ritmo começa a ganhar novos contornos com o empenho de jovens que usam o estilo musical para levar a Palavra de Deus. É assim, por exemplo, com os ministérios do Fruto Sagrado, Quatro por Um e Oficina G3. O “Rock Gospel” já é uma realidade e consegue resgatar almas para a honra e glória de Deus.



Conscientização
 

O Quatro por Um possui um trabalho com a proposta de chamar a atenção para o problema das drogas. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMC), quase metade da população de jovens consome algum tipo de droga. O maior percentual está na faixa dos 18 aos 21 anos, onde atinge 49%. A estimativa é a de que, a cada ano, cerca de 210 mil pessoas morrem em consequência, direta ou indireta, do uso das drogas.

Sendo assim, Marcus Salles, Valmir Bessa, Duda Andrade e Bruno Santos escolheram as escolas para efetivar este trabalho. “É lá, onde o nosso publico, que é o jovem e o adolescente, está. E é nas escolas que o inimigo tem trabalho muito, conduzindo os jovens para o caminho das drogas, prostituição e promiscuidade. É uma estratégia de evangelização que Deus nos deu. E esperamos colher muitos frutos com esse trabalho”, afirmam.

E, para levar a mensagem, não há dúvida de qual método será aplicado. “Vamos usar a música como estratégia para falar aos jovens sobre o amor de Deus. Temos recebido muitos convites para ir aos colégios, e iremos. Não vamos deixar de atender aos interessados; este é o nosso chamado. O povo de Deus tem que ir lá, atacar as obras do maligno. Não somos um exército? Que exército é esse que não ataca? Nosso objetivo é falar de Jesus, lançar as redes e pescar muitas almas para Jesus. Fomos chamados para isso”, finaliza.

A importância da informação

O vocalista do Oficina G3, Juninho Afran, diz que este é um assunto que sempre provocou polêmica. “O Rock nas igrejas sempre foi um assunto 'indigesto', rodeado por polêmicas, mitos, entre tantos outros ingredientes que fizeram com que ele se tornasse alvo de um grande preconceito. Eu acredito que o antídoto para combater o veneno do preconceito é a informação”, adverte.

Ele afirma que o estilo musical não está ligado ao grau de santidade ou intimidade do cristão com Deus. “Vida com Deus não está relacionada a usos e costumes, com a cor da roupa e com a posição diante Dele. Nós gostamos de Rock in Roll, assim como tem gente que curte outros estilos de música”, declara.

Juninho Afram recomenda a Igreja a leitura do livro O Rock na Evangelização, de Flávio Lages Rodrigues, lançado pela MK Editora, como uma valiosa fonte de tirar todas as dúvidas sobre o uso edificante do ritmo para a obra de Deus. “Como alguém que se utiliza do Rock como um instrumento de evangelização, eu recomendo este livro a todos aqueles que estão ligados a música, direta ou indiretamente, e que têm o coração ardendo de desejo de que o mundo todo conheça a maior experiência que o homem pode ter – viver ao lado de Jesus”, ressalta.

Leitura edificante

No livro O Rock na Evangelização, o teólogo e baterista da banda Post Trevor, Flávio Lages Rodrigues, mostra que o ritmo musical varia de acordo com a cultura de cada povo. Dessa forma, não importa o ritmo, já que é o mover de Deus que irá corrigir os erros. “Somente a Palavra de Deus, e não a cultura, poderá corrigir as falhas e redimir o homem de seu pecado. Mas a cultura também é parte necessária ao homem, já que o mesmo não possui instintos como os animais. Para o homem tudo é aprendido; ele nasce com espaços a serem preenchidos e tudo só acontece dentro de uma cultura, do nascimento até a morte. Se não há como servir a Cristo fora do mundo, então é preciso aliar as Escrituras à cultura; só assim haverá salvação”, ensina.

O escritor lembra que Deus não faz acepção de pessoas e que Jesus sempre esteve disposto a ouvir o próximo. É o que está escrito em Atos 10.34-35. “E abrindo Pedro a boca, disse: reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo”. Ou seja, não importa a nação, raça ou cultura, desde que a vida agrade ao Senhor. Este é um dos princípios em que Flávio Lages Rodrigues faz uso do Rock para alcançar grupos urbanos atuais.

“As tribos urbanas” – e, neste caso mais específico, os roqueiros – têm toda uma característica peculiar cultural: os cabelos longos, as tatuagens, os piercing´s, as roupas pretas e camisas de bandas de Rock, assim como a maneira totalmente diferente de falar, usando gírias e jargões que só quem está encarnado na tribo consegue entender.
Precisam ouvir o Evangelho de forma contextualizada. A mensagem deve ser transmitida de forma que eles, em sua maneira de viver, pensar e sentir, consigam entendê-la. Na evangelização, sob uma visão teológica, não há como desconsiderar a cultura. O próprio Jesus se revelou e encarnou em uma cultura. “Portanto, não há como negar que haverá choques, já que a Bíblia será o filtro para o confronto das culturas e costumes, e essas têm elementos negativos e positivos”, explica.

Flávio Lages Rodrigues finaliza com a afirmativa de que a Glória de Deus não se limita a um único estilo musical. “A música pode ter seus vários estilos e formas de expressar a glória de Deus e todos estes estilos podem e devem ser usados para alcançar os perdidos. Não há como limitar o poder de Deus através de um ritmo ou estilo musical. A cultura, com seus elementos populares, folclóricos e regionais, merecem destaque”, conclui.